Não vale a pena esmiuçar ainda mais a tragédia de Novembro em Paris, tudo tem sido descrito, inúmeras vezes ad nausea, pelos media e nesta semana que passou desde o acontecimento o número de inocentes mortos por terroristas e por aqueles que os combatem provavelmente duplicou o de França. Assim tem sido há décadas e no ano anterior àquele em que nasci, durante o Verão de 1972, um ataque terrorista nos Jogos Olímpicos na Alemanha, em Munique, dizimava a delegação de Israel a tiros de Kalashnikov, tal como em Paris dali por quarenta e três anos. Seria o principio de uma guerra que dura até hoje, já bem dentro do século XXI.
Temos medo quer queiramos quer não, ninguém se sente mais em terra firme quando no coração da Europa se massacram inocentes numa noite de Sexta-Feira, em cafés e bistros, nas ruas, num concerto musical. Imagens de explosões, tiros e sangue no centro da "cidade das luzes" num ano que começou com terrorismo - Charles Edbo em Janeiro - e que parece querer acabar com terrorismo expõe a redoma de vidro, um bonito globo de neve, em que se tornou a UE e grande parte da sociedade ocidental alheia aos conflitos violentíssimos e condições de vida miseráveis fora das suas fronteiras mas ali apenas a duas ou três horas de avião.
De um momento para o outro põe-se em causa o Espaço Schengen e as consequências da livre-circulação de pessoas e bens no continente europeu, o multi-culturalismo passa a ser conotado com o "Politicamente Correcto" que passa a ser por sua vez considerado"pouco correcto" quando se chega à lógica conclusão que não haver um controlo efectivo de quem nos visita e de quem pede asilo politico, seja refugiado ou apátrida é obviamente uma falácia da omnipotente e omnipresente União Europeia mais dedicada aos negócios numa espécie de autismo.
Os extremistas são uma indesmentível realidade do Islão moderno e o interesse das grandes potencias europeias, dos EUA e da Federação Russa nos recursos desses países sempre os manipularam habilmente como alavanca para agendas politicas e controlo do petróleo, gás e dos pipelines que transportam os mesmos para as refinarias das corporações petrolíferas e em ultima instância para os combustíveis que usamos no dia-a-dia nos nossos carros e transportes.
Por algum motivo se estima que o Daesh ou ISIS tenha triliões (escrevo bem, triliões) de dólares obtidos pelos lucrativos negócios com o crude e petróleo que agora estão sob controlo dos outrora denominados "rebeldes" - aqueles que muitos apoiaram quando liquidaram ditadores como Sadam Hussein no Iraque, Gaddafi na Líbia e agora Bashar Al-Assad na Síria.
Molenbeek na Bélgica. que agora pretendem baptizar de "capital Jihadista da Europa", Malmo na Suécia, Marselha e outras grandes cidades francesas e também Londres e Manchester no Reino Unido chegaram ao cúmulo de terem organizações islâmicas extremistas literalmente a conspirar contra o que eles intitulam de "decadência do Ocidente", hábeis em encontrar as vulnerabilidades do sistema europeu no controlo da emigração e vigilância de potenciais células terroristas.
Esta guerra não irá ter um fim tão cedo. Por cada atentado na Europa e na América cairão mais bombas com o suporte público, de vingança pelo que entendemos como tentativa de destruição da sociedade ocidental fazendo outras vitimas e sobreviventes que provavelmente irão dedicar a sua vida a combater os "infiéis" que um dia lhes destruíram a infância, a juventude, a família, quem sabe o amor das suas vidas. Não terminará enquanto houverem interesses obscuros em que a mesma continue a rugir, enquanto continuarmos dependentes de combustíveis fósseis e da ambição desmedida daqueles envolvidos no negócio mais corrupto e indecente da História da humanidade.
Os próprios islamitas parecem se dividir cada vez mais, especialmente os que agora vivem na Europa e porventura talvez entre eles próprios. Com a sua cooperação talvez consigamos extirpar a tempo o cancro em que se tornou o extremismo-islâmico. Se de facto o Islão é a "religião do amor" cabe também àqueles que a praticam de o por em prática e de provarem aos cépticos, antagonistas e aos que a actualmente a odeiam que estamos no mesmo lado da barricada.