sexta-feira, 29 de junho de 2012

Mais uma vez a Maçonaria, Portugal e Salazar




Surgiu numa página do Ministério da Justiça, Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça (Bases Jurídico-Documentais) o seguinte acórdão datado de 14/01/2010, que se encontra aqui.



Alguns excertos do referido acórdão:

1ª O Supremo Tribunal Administrativo é uma loja maçónica criada, instalada, dirigida e presidida por maçons - como, aliás, o Supremo Tribunal de Justiça é uma loja maçónica, criada e instalada por maçons, em aplicação do disposto no Ritual do Grau 27, e sendo o seu primeiro presidente — B… — e seguintes igualmente maçons.
2ª E sabe-se como ensina o maçon C… — ex-Grão Mestre do Grande Oriente Lusitano, Soberano Grande Inspector Geral e presidente do Supremo Tribunal Maçónico — «onde está um Maçon está a Maçonaria» (António Arnaut, Introdução à Maçonaria, Coimbra Editora, p. 86).


6 ª Aliás, em virtude dos benefícios que resultam de se saber que o Supremo Tribunal Administrativo é uma loja maçónica, só por mero lapso ou falta de tempo se compreende que isso não seja amplamente divulgado e que os maçons do Supremo Tribunal Administrativo e outros não tenham dado a conhecer essa sua excelente qualidade, nem sequer às respectivas mulheres e família — sendo por isso que, para suprir a lacuna, o recorrente divulgará brevemente as listas dos juízes maçons, em benefício do povo, do Supremo Tribunal Administrativo, da Maçonaria e dos maçons, através da Internet e outros meios, e incluirá também os magistrados do Ministério Público e Procuradores-Gerais da República, como D…, e arguidos, como E…, F…, G…, H…, etc.
7ª Naturalmente, também não serão esquecidos os apresentadores de televisão e os homens do teatro, como I… e J...

10ª Além disso, enquanto loja maçónica que é, o Supremo Tribunal Administrativo sempre tem procurado seguir o ensino do grande maçon António de Oliveira Salazar, a saber: «criminosos arvoraram-se em juízes e condenaram pessoas de bem» (Discursos, vol. V, p. 52); «o que muitas vezes resulta em Portugal do funcionamento das instituições legais — o castigo dos justos» (vol. II, p. 357); «se os tribunais não fazem boa averiguação dos factos e recta aplicação da lei, temos (…) “a mentira da justiça” (vol. 1, p. 28); «os povos, como os indivíduos precisam ser tratados com justiça» (111:108); e «a sociedade tem de inspirar-se nas suas decisões pelo princípio da justiça devida a cada um (vol. IV, p. 108).


16ª Nenhum dos subscritores da prancha arguida de inexistente tem o direito de pertencer à Máfia que opera nos tribunais portugueses e menos de jurar fazer da lei dessa Máfia «a minha regra e a minha lei».
17ª Estes elementos da Máfia que actua nos tribunais portugueses, incluindo o relator, não são, pois, verdadeiros juízes.



Ora isto vai de acordo com um polémico livro do magistrado Costa Pimenta que recentemente se encontrava à venda na Bertrand e que já vai em segunda edição.
Segundo Costa Pimenta, António de Oliveira Salazar, foi iniciado maçon em 1914 na Loja Revolta n.º 336. Declara o autor que esta loja maçónica nunca "abateu pilares" (nunca foi encerrada) durante o Estado-Novo.

Citando o autor em entrevista (ver aqui)


Há provas circunstanciais, mas não decisivas, do seguinte: Salazar foi iniciado maçon na Loja Revolta n.º 336, em Coimbra, em 1914, no fim do seu curso de Direito, tendo adoptado o nome simbólico de Pombal. A Loja Revolta, onde se iniciaria também, por exemplo, Vitorino Nemésio, fora fundada por Bissaya Barreto, em 1909, e foi a convite dele que Salazar lá foi iniciado. Sem qualquer surpresa, a Loja maçónica Revolta jamais "abateu colunas" (nunca fechou), tendo continuado a sua actividade, serena e ininterruptamente, sem inquietação alguma, durante todo o período da Ditadura e do Estado Novo até hoje. Não parece que Salazar tenha sido iniciado na loja maçónica, composta por professores da Faculdade de Direito de Coimbra e que, desde 1850, governa aquela instituição.



Ficam as perguntas no ar. Qual o propósito do acórdão? Como poderia ser Salazar maçon se durante o Estado-Novo se extinguiram a maior parte das lojas maçónicas portuguesas? Qual o real poder da Maçonaria na Republica Portuguesa?

Será o ex-dirigente do PS Henrique Neto um antimaçónico quando em entrevista no programa televisivo Plano Inclinado referiu a necessidade de extirpar os maçons da república portuguesa e do PS?

 

sábado, 16 de junho de 2012

Qual a verdadeira bandeira?

Era uma vez um belo país na Europa do Sul, banhado pelo Atlântico. Nesse país morava um Rei, uma Rainha e dois Príncipes. Um dia dois destemidos homens esperaram que o coche real passasse em determinado local e dispararam uma saraivada de tiros. O Rei e o Príncipe herdeiro morreram ali mesmo e o reino de Portugal passou a república portuguesa dois anos depois. E assim todos viveram felizes para sempre...

A ultima bandeira de Portugal antes da alteração dos símbolos nacionais

Esta é a história que, mais ou menos, aprendemos na escola. A implantação da república foi fruto de um golpe de estado em 1910. Na realidade pouco se menciona sobre o regicídio no ano de 1908 e o modo como o Rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe foram chacinados por Alfredo Costa e Manuel Buiça. A Rainha, D. Amélia de Orleães viu portanto o seu marido e filho mais velho sucumbirem enquanto o mais novo, D. Manuel II, pouco mais pode fazer do que tentar estancar, em vão, a ferida mortal do seu irmão que havia recebido um tiro no rosto. Pouco se fala sobre o que aconteceu à família real depois do fim da monarquia nem tampouco como Maria Pia de Saboia - mãe de D. Carlos - viveu o resto dos seus dias em tormento com a tragédia de 1908. Viveram no exílio enquanto a república se construia.

Esta história é paralela a outra que não se menciona sequer nos livros de História. Alias não se menciona praticamente nada sobre a Maçonaria em livros de História nas escolas. Quem na escola primária e secundária ouviu falar de maçons? De sociedades secretas? Ninguém. 
Talvez por isso mereçam a anedota do Joãozinho que com um amigo tentavam espiar um ritual maçónico. Joãozinho trepou um muro e o amigo perguntava - E então o que vês? Olha só... O gajo está com uma venda nos olhos e com as calças arregaçadas numa perna. Um gordo está a apontar-lhe uma espada ao pescoço! - Eh! A sério? Diz o amigo. Nisto o Joãozinho desequilibra-se, cai para dentro do muro e o amigo foge. Horas depois encontra Joãozinho muito bem vestido e com uma cara muito grave. - E então, conta, conta, o que viste? Responde o Joãozinho. - Não posso, é segredo.

A verdade é que essa Ordem Iniciática (como eles se intitulam) que não é secreta mas tem segredos (como disse um maçon qualquer) teve e tem intervenção em inúmeros acontecimentos na História mundial. Alegadamente descendentes dos Templários depois da purga encetada por Filipe o Belo de França e do assassinato do seu Grão-mestre Jacques de Molay - numa Sexta-Feira 13 - vão para a clandestinidade emergindo na Escócia onde fundam um dos ritos da Maçonaria moderna. Portugal não foi excepção e a sua influência na História de Portugal está sempre presente. Nas duas ultimas décadas do século XIX sucederam-se atentados e tentativas frustradas de Golpe de Estado onde uma associação secreta denominada de Carbonária teve papel preponderante. Tida por uns como braço armado da Maçonaria (Grande Oriente de Portugal) e por outros como uma associação de rebeldes revolucionários, pouco instruídos nalguns casos, e com pouca ou mesmo nenhuma ligação aos maçons. 

Bandeira da Carbonária: Imagem picada do blogue: http://classepolitica.blogspot.de/2010/10/bandeira-da-carbonaria-braco-armado-da.html

 Buiça e Costa ainda tidos por alguns republicanos de ala dura como heróis são venerados e mesmo merecedores de romagens ao cemitério por alturas do 10 de Junho. Curiosamente a bandeira usada pelos carbonarios tem grandes semelhanças com a bandeira actual que substituiu, sem consulta pública, a bandeira histórica e antiga com as cores azul e branca.

Manuel de Arriaga o primeiro presidente da república portuguesa era maçon tal como a maior parte dos presidentes da república portugueses.
D. Duarte Nuno, o Rei de Portugal, que não é verdadeiramente Rei mas podia ser aborda amiúde a questão das cores da bandeira que, na opinião de alguns monárquicos, simboliza não só o vermelho do sangue derramado e o verde da esperança mas sim o projecto de uma união ibérica na qual porventura serão os maçons portugueses e espanhóis a governarem a península ibérica. 

“há muita gente com influência em Portugal que, desde 1910, apostou na extinção de Portugal como país (...) Este foi um dos grandes projectos dos revolucionários do 05 de Outubro. E a bandeira verde e vermelha representa precisamente essa união ibérica que julga que ao arruinar Portugal está a provar que o país não é viável”,

O ideal de um mundo igualitário onde as fronteiras, o sentido de pertença não a uma nação mas a um todo, onde não haja um poder local mas sim central tem vindo a ser construido desde o final da II Grande Guerra. Da Comunidade do Carvão e do Aço à CEE, passando a UE, o projecto de uma união entre o Canadá, EUA e México, União Africana e também a criação do Estado de Israel são terreno fértil para teorias da conspiração que nos falam de lobbies judaicos de cariz sionista que controlam desde tempos imemoriais as economias das nações livres. 


Adolph Hitler em 1940 aborda a influência da Maçonaria num dos seus discursos inflamados.

Terá a Maçonaria uma agenda a cumprir? Portugal é um país governado por maçons? A questão fica no ar e por uma questão de tranquilidade podemos varrer para debaixo do tapete das teorias da conspiração.